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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Teresinha Inês Basso Nervis: A que ponto eu cheguei!


A que ponto eu cheguei!

Há 30 ou 35 anos, uma jovem “do interior” que pensasse em fazer ensino médio, era considerada “fora dos padrões”. Lembro-me muito bem, e agora me arrependo de não ter atendido aos pedidos, minha avó me dizia “para que estudar, minha filha, moça de família precisa saber lavar, cozinhar, costurar e achar um marido bom para viver bem”. Nunca acreditei nisso... Lá fui eu estudar; longe de casa, trabalhava de empregada doméstica para à noite estudar. Achando não ser suficiente meu Magistério, fui à faculdade, pois amava ensinar aos meus alunos a interpretar, ler e escrever e por isso uma graduação iria fazer a diferença. Quanto sofrimento... Lá ia eu com as malas e filhos pequenos. Fazer faculdade à 280K de casa. Aulas intensivas, uma semana por mês. Sem dinheiro, sem carro, sem dignidade, mas me formei. Ainda acreditando na educação de qualidade, já não era suficiente só a graduação. Era preciso me especializar. Fiz especialização em Letras Português e Inglês. Hoje com 46 anos de idade, quase em final de carreira sou professora em greve. Deparo-me frente aos jornais, TVs e outros órgãos de imprensa, dizendo que perdi tempo em ter estudado. Imaginem a minha decepção. Ouço que se eu tivesse só feito o Magistério eu não teria passado fome, frio, perdido noites traduzindo livros de inglês. Podia ter comprado uma casa antes, podia ter tido um carro antes. Podia ter conversado mais com meus filhos, viajado e muitas outras coisas que sonhei fazer e nunca tive condições... Pois como já mencionei, sempre sonhei com uma educação transformadora.
Olhem só como a gente se engana.
Agora, maio de 2011, vem o secretário de educação de SC e me dá o recado:
“Não precisavas ter estudado para ganhar o salário que você ganha de 1491 (quatro algarismos)”.
Se eu pudesse falar com minha avó eu iria pedir desculpas por não ter obedecido a ela... Mas como ela não vive mais, quero pedir desculpas a minha família por terem me apoiado e eu hoje não poder dar-lhes uma vida digna de um professor especialista.
É muito triste a realidade dos professores de SC. São milhares de professores(as) como eu, que não conseguem entender: Será que faltou um “bom professor” para os governos ou secretários da educação, que não conseguem interpretar uma lei? Será que eles não tiveram um professor engajado, um professor comprometido, que lhes ensinassem a ser menos sarcásticos e debochados e respeitassem o que é de direito dos cidadãos?
Para você que é pai, mãe, aluno... Não precisam mais se preocupar em estudar tanto, pois conforme, vemos, qualquer um pode ser professor, porém se fores espertos e souberem enganar, ofender, assediar moralmente, poderão ser governadores e ou secretários de educação... E esperando nota 7 no IDEB de 2021.

Teresinha Inês Basso Nervis.

Brusque, SC 25/05/11

3 comentários:

  1. Nossa professora fiquei de queixo caido..

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  2. É isso ai, injustiça como essa não pode passar despercebida.
    O governo é covarde.

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  3. Deve ser difícil fazer faculdade a 280 QUILOS de casa. ): trollface' 1ª6 da noite do gregório Wins !

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